a paixão é um coice.
é uma morte violenta de um adolescente que bate o carro no final de semana.
e que está frio no meio de um velório dramático, com o mundo desabando ao redor daquele corpo frio.
e que faz a vida mudar do dia pra noite pela dor da ausência nos que ficaram.
simplesmente pelo que se era antes daquilo que aconteceu.
a paixão também é um coice de carinho.
nesse tipo não há corpos frios, apesar de toda a mudança.
um coice
que sorri três vezes no celular quando ela coloca três bocas ao invés de uma.
e que olha as árvores passando enquanto um ônibus anda.
e que fica 24h sem comer, na cama, fungando uma pele,
com os gatos olhando com ceticismo para o jeito como a gente faz amor.
e que acorda como se já tivesse acordado,
com ares de uma outra vida repetida,
uma intuição mais próxima da verdade do que a própria verdade.
e que diz SIM.
Porra, temos que dizer sim para as coisas - toda a merda do mundo começa com um Não!
e que afirma a desrrazão daquilo tudo.
e que percebe que o sol, quando morre, é mais bonito.
e que nota que tem outras coisas além do sol que são bonitas mortas, ou morrendo.
e que não entende a rapidez dos coices, das lanças e do estar vivo e já não estar mais.
que não entende nada.
e que só trairá o outro com o silêncio.
ou nem mesmo com ele.
a paixão é um tipo de absurdo.
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