Gosto de ficar tentando entender tua boca.
Gosto de ter certeza que não posso entender tua boca.
Gosto de perceber que o pressuposto da tua boca é uma
sensação.
Gosto de olhar ela nas fotos:
ela se lambendo, se
lambuzando,
se mordiscando,
se arrefecendo quando o sangue escorre para os desejos
que não acontecem na boca.
Tua boca não é SÓ a tua boca porque se relaciona com a minha.
E com todas as bocas que desejam avidamente a tua.
Vejo todos engatinhando escravos em direção à tua boca.
Vejo sentinelas ao redor da tua boca, guardando ela como se guarda
um lugar proibido.
É uma esquina erótica do mundo.
Um borrão de vontade suspenso no ar de um rosto.
Uma carne pendurada, passiva, à espera de uma violência.
Tua boca é puta!
É minha puta!
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