Quando
faço toda a força, e minha veia do pescoço engrossa, e sinto a dor
humana de fazer uma força insuportável, percebo que que os pilares,
fincados até o centro da Terra, só deixam a indiferença ou para me
desejar uma pena, ou para denunciar a minha arrogância de tentar mover,
com força humana, um cimento mórbido feito pelo copia-e-cola da história
de milhares de fracos. A história do cotidiano
pertence aos fracos. A virtude do cotidiano pertence aos fracos. Se não
lhes cabe o pódio do porvir, a própria vida, enquanto acontece, é seu
coroamento. Eles não estão nos livros, mas sempre controlaram todas as
fronteiras do instinto maniqueísta, sempre controlaram os sorrisos dos
que deveriam sorrir, sempre ajustaram as vidas alheias nos processos
judiciais, sempre tiveram o poder de constituir os fatos no momento em
que os fatos acontecem. É com espanto que percebo que são eles, os que
verdadeiramente afirmam a vida. A soma de todos os medos dos fracos não
forma uma centelha de coragem sequer, mas constrói uma Torre de Babel
miserável e imensa, um Leviatã transgênico e horroroso, feito de carne
artificial, de olhos míopes e perfume francês. Então a fadiga e o fastio
me abatem: é quando me visita o demônio do conformismo, que chupa todo
meu sangue, me faz letárgico, fraco, medroso de um medo fluido que não
se petrifica. O demônio me diz: não perca tempo Paulo, é em vão. Atendo
ao demônio, porque atendo todos que me visitam. Perco o interesse em
dizer, porque não há eco. Perco o interesse em fazer força, porque toda a
força é em vão. Perco o interesse em silenciar, porque mesmo o silêncio
não significa coisa nenhuma a pilares que, por desumanos, não têm
ouvidos. O Estado é uma máquina caótica, torturante, enguiçada e
controlada por fantasmas. Não tenho as ferramentas pra consertar o
enguiço.
Quem é o autor???
ResponderExcluir